Jimmy Dludlu em Maputo

Amanhã, 30 de setembro, o compositor e guitarrista moçambicano Jimmy Dludlu, lança, em Moçambique, seu mais recente CD, Tonota in Groove, com vários ritmos, como tradicionais moçambicanos, jazz e sons latinos.

Jimmy começou a carreira nos anos 80, interpretando músicas do seu ídolo Wazimbo. Com sua voz doce e muito talento, não foi difícil ganhar vida própria. Logo desenvolveu as habilidades de guitarrista de forma plena e hoje é conhecido como um dos mais versáteis intérpretes do estilo afro jazz.

Radicado há muitos anos na África do Sul, onde fez licenciatura em música, seu primeiro álbum foi lançado em 1997. Tonota in Groove é o sétimo desde então. O lançamento será às 21h, no Franco-Moçambicano, depois de cinco anos sem que Jimmy se apresente em Moçambique. E, para quem não pode estar lá, aqui vai um pouco do som de Jimmy Dludlu.

Veja mais sobre o lançamento de amanhã, em matéria do jornal O País.

P.S. Os ingressos estão sendo vendidos no próprio Centro Cultural Franco Moçambicano e no site www.bilhetesonline.net e custam MT 1.300,00.

Apesar da lista

Tem alguns assuntos que entram em pauta, vão embora, depois voltam… ficam nos rodeando, até que não dá para não falar. O do sr. Bachir é um deles. A história começou há mais de um ano. O gajo em questão, Mohamed Bachir Suleman, foi citado em uma lista divulgada pelos Estados Unidos em junho de 2010 como narcotraficante de grande escala. Cidadão moçambicano, por aqui ele é oficialmente empresário — presidente do grupo MBS — e apoiador da Frelimo.

Bachir negou, claro, qualquer envolvimento com o narcotráfico. O governo moçambicano disse que faria sua própria investigação. Esta semana, a Procuradoria Geral da República de Moçambique informou que, após averiguações, não foram encontrados indícios suficientes da prática de atos que “consubstanciem o tráfico de estupefacientes ou substâncias psicotrópicas pelo referido cidadão”.

A embaixada dos EUA em Maputo mantém a posição de que há “evidências suficientes” para considerar o empresário moçambicano Mohamed Bachir Suleman “barão de droga”. Em comunicado, a representação diplomática norte-americana diz que as violações fiscais e aduaneiras encontradas nas atividades do grupo empresarial de Mohamed Bachir Suleman “em muitos casos servem como base para investigações de tráfico de estupefacientes e outros” atos ilegais, de acordo com notícia da agência Lusa, divulgada no blog Moçambique para todos.

Enfim, é um diz que diz que não vale a pena entrar no mérito, porque apesar de, nas ruas, todos concordarem com a grande possibilidade da acusação ser verdadeira, provas não há.

Mas resolvi entrar na história para contar uma situação inusitada que se criou a partir dessa acusação. O Bachir é dono do Maputo Shopping e do mercado Hiper Maputo que se encontra no mesmo shopping. Quando o governo dos Estados Unidos divulgou seu nome como possível narcotraficante, algumas empresas optaram por não mais ter relacionamento com o camarada, até que a situação se esclarecesse. Em menos de um mês, dois bancos (Millenium bim e Barclays) que tinham agências no shopping, saíram.

Além disso, a rede de cartões Visa (única presente no país) também tomou sua posição: tirou as máquinas do Hiper Maputo, impedindo assim que fossem aceitos pagamentos em cartão de crédito ou débito. Quando isso aconteceu, foram afixados avisos no mercado de que, por uma “avaria grave no sistema”, não estava sendo aceito cartão no estabelecimento. Pagamentos só em dinheiro.

Todo mundo sabia do que se tratava a avaria grave no sistema. Ficou até ridículo o aviso. Mas fato é que mais de um ano se passou, o aviso da avaria grave continua lá, as pessoas continuam comprando no mercado e não me consta que o sr. Bachir esteja mais pobre ou muito preocupado com as listas que se divulgam por aí com seu nome.

Veja mais sobre o caso Bachir no jornal O País e no Moçambique para todos.

Fim das emissões sem filtro na Mozal

No segundo semestre de 2010 publiquei diversos textos sobre a Mozal, multinacional de alumínios estabelecida em Maputo. O assunto era o bypass, processo de emissão direta de gases para a atmosfera, sem filtros, que ocorreria durante a reabilitação do Centro de Tratamento de Fumos (fumaça).

O processo foi amplamente criticado por organizações de proteção do meio ambiente e de saúde da população, uma vez que análises feitas à época mostravam que mesmo antes do bypass a região já tinha níveis de poluição muito altos, acima do estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, a empresa defendia que a emissão não teria impacto sobre a vida humana nem o ambiente, porque as emissões estariam dentro dos limites nacionais e internacionais. Concordo que as partículas de poluição encontradas na região não se referiam apenas à Mozal. Mas ela tinha, também, a sua contribuição. Por isso, contribuir mais, aumentaria os riscos para todos.

Agora, quase quatro meses depois de iniciado, chega ao fim o processo de emissão de gases sem filtros. De acordo com notícia do jornal O País, “o processo, que iniciou a 1 de Novembro do ano passado, consistiu na substituição dos filtros, substituição das juntas de expansão das saídas das ventoinhas, limpeza geral e remoção do alcatrão das condutas, manutenção ou substituição completa da torre do arrefecimento, selagem das condutas e juntas, análise da integridade das estruturas e remoção de chapas de revestimento”.

Ainda de acordo com o jornal, “não houve casos reportados de aumento de doenças ou mortes no seio dos trabalhadores da Mozal e da população residente nos arredores daquela fábrica”. Que me desculpe o redator de tal informação, mas tenho que chamá-lo ingênuo. Inserir esta informação no jornal como se fosse algo que pudesse nos causar alívio (ufa! Passou e não morremos. Nada se deu) é, no mínimo, ingênuo.

Como se deveria saber, os gases poluentes infiltram-se no nosso sistema respiratório e nos lençóis freáticos da região onde estão e suas conseqüências podem vir a se manifestar anos depois. Portanto, para mim, é muito cedo para dizer que não houve aumento de doenças ou mortes.

Como consolo e esperança de que nada nos ocorra, a Mozal, em comunicado oficial, afirmou que a monitoria do ambiente no período mostrou que as concentrações ambientais durante o processo de emissão direta situaram-se muito abaixo de limite padrão especificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Sociedade Americana de Substâncias Tóxicas.

A ver…

Leia mais sobre o fim do bypass da Mozal em matérias dos jornais O País e @ Verdade.

Acordo em pauta

Já tratei aqui algumas vezes sobre a questão do acordo ortográfico da língua portuguesa, que ainda não é um acordo para muitos países, como Moçambique. Na verdade, não tenho nada contra nem a favor do acordo e nem é o acordo o foco de minha atenção. O que me faz sempre voltar ao assunto é o fato de Moçambique não ter clareza na documentação de seu idioma. O idioma é fonte de referência e ligação entre as pessoas de um país. Desde sua independência, Moçambique nunca teve suas próprias regras, sua norma de grafia. A introdução do acordo ortográfico talvez possa ser um bom momento para isso. A discussão com relação ao acordo já seria saudável, porque colocaria em pauta a questão do idioma.

Mas desde que cheguei aqui (há um ano) não ouvi referências ao tema. Agora, parece que um grupo de comunicação do país, o SOICO, dono da STV e do jornal O País, resolveu colocar a questão na pauta do dia. Desde o início do ano temos visto matérias sobre o assunto (ainda que seja para levantar a questão de que o país não trata do tema) e hoje no início da tarde houve até um programa de televisão cujo tema era o Acordo Ortográfico entre os países de Língua Portuguesa. O programa Opinião Pública conta com a participação de telespectadores por telefone e foi interessante ver a percepção das pessoas de diversas partes do país sobre o assunto. Um que me chamou a atenção observou, por exemplo, que os moçambicanos já não escrevem mais exatamente o português de Portugal . Há pessoas que usam o brasileiro e há pessoas que misturam, usando um e outro. Por exemplo, uma mesma pessoa pode escrever acto, mas ação (para ter coerência, seria acção). Isso é claramente falta de normas explícitas, regras do país, que digam o certo e o errado.

Em matéria de ontem do jornal O País foi tratada a questão do custo da implementação do novo acordo: estimada em 100 milhões de dólares americanos. O investimento seria destinado a modificar livros de todo sistema nacional de ensino, formar professores à nova ortografia, capacitar jornalistas, funcionários públicos, pessoal de programas de rádio e televisão, entre outros. A proposta da implementação do acordo no país será levada à Assembléia da República no primeiro trimestre de 2012. Só então saberemos se Moçambique vai ou não aderir ao acordo. E se não aderir? Que normas serão seguidas aqui?

Veja mais em Acordo?, A difícil construção da identidade e no texto do jornal O País Acordo ortográfico custará 100 milhões de dólares americanos.

A difícil construção da identidade

Há menos de 20 anos Moçambique saiu de um período de guerras que assolou o país, deixou muitos mortos e profundas marcas em sua cultura. De 1976 a 1992 foi a guerra civil. Antes disso, de 1964 a 1975 foi a guerra pela independência. Assim, a construção do país ainda está por acontecer. Afinal, antes de 1975 era colônia de Portugal. Depois, quando se ia iniciar a construção da identidade do novo país livre, veio a guerra civil.

Nesse momento que estamos vivendo aqui, estamos justamente acompanhando a construção dessa identidade, a formação de um país. Essa experiência é maravilhosa. Cansativa, às vezes, confesso, mas riquíssima. Por exemplo, uma discussão ainda muito insipiente por aqui, mas que começa a dar sinais de que existe é a da adoção do Acordo Ortográfico dos países de língua portuguesa, sobre o qual falei no post “Acordo?”.

O fato é que no meio dessa confusão de deixar de ser colônia, criar suas próprias regras, leis, normas e conceitos, mas tudo durante uma guerra civil, algumas questões não foram sequer tratadas. O nosso querido português (o idioma, deixo claro), é uma dessas. Como explicou o docente da Universidade Pedagógica, Agostinho Goenha, em artigo publicado no jornal O País no dia 26 de fevereiro, “Em Moçambique, a norma linguística adoptada como referência é a do português europeu”, porém “Em conformidade com a documentação moçambicana consultada, nenhum Decreto-Lei ou dispositivo legal refere explicitamente que a norma padrão do Português em Moçambique é a européia”.

Ou seja, quando éramos colônia, naturalmente, o idioma oficial era do colonizador. Ao se conquistar a independência, apenas se definiu que o idioma oficial seria o português, até mesmo para contribuir para a comunicação da nação, visto que originalmente o território de Moçambique tem várias línguas diferentes e, sem o português como elo de ligação o norte não falaria com o sul, que não entenderia o centro.

Porém, com tanta coisa a se construir e com o idioma já sendo falado e escrito aqui e ali da forma como os portugueses o fazem, os governantes nem se deram conta que seria necessário definir as normas do idioma em seu país. Nada se fez.

Assim como nada está sendo feito com relação ao acordo ortográfico, que seria um bom momento para regulamentar a questão. No mesmo artigo, Agostinho observa que o governo deveria ao menos sinalizar se tem intenção de assinar o acordo e traçar um calendário, ainda que a longo prazo (para ser compatível com a realidade social e financeira do país).

Agora, se o português adotado aqui baseia-se no português europeu (ao menos me parece que é isso que se tenta fazer), então, com Portugal já se movimentando para adotar o Acordo Ortográfico, o mesmo deveria acontecer por aqui. No entanto, não há sinais nesse sentido.

Nas escolas, os professores fogem do assunto. Nas ruas, onde apenas 30% da população fala português, as pessoas nem sabem que o assunto existe. E no dia a dia o idioma vai sendo cada vez mais diverso do europeu, não igual ao brasileiro e totalmente sem documentação.

Leia mais na matéria Acordo ortográfico divide académicos, do jornal O País.

Preconceito

O post de hoje é mais uma sugestão de leitura do que um texto meu. Sugiro a leitura do texto O primeiro branco, de Mia Couto, publicado no dia 29 de janeiro de 2011 no jornal O País.

O autor mostra um ciclo de preconceitos secular e é interessante como ele faz as pessoas que o praticam nos parecerem ridículas. No século XIX, o explorador e missionário escossês, David Livingstone, explicitou o preconceito que Portugal sofria por parte dos outros países europeus, por sua missigenação com povos africanos. “Livinsgtone vangloriava-se ter sido o primeiro branco a atravessar a África Austral. Um dia alguém lhe chamou publicamente a atenção que isso não era verdade. Antes dele já o português Silva Porto tinha realizado tal travessia. Imperturbável, o inglês ripostou: ‘Eu nunca disse que fui o primeiro homem a fazê-lo. Disse apenas que fui o primeiro branco’, conta Mia Couto.

Mas o tempo, passou, o homem evoluiu e já não podemos mais imaginar manifestações públicas desse gênero, pensariam os mais ingênuos. Não. O texto do Mia Couto começa contando justamente o contrário: ainda há publicações, que circulam nos dias de hoje, livremente, como o National Vanguard Tabloid, que manifestam idéias como: “Os portugueses são o povo mais atrasado da Europa porque há séculos que se misturam com os negros”.

É triste constatar, ao ler coisas assim, que, na verdade, não é possível, apenas pelo aspecto físico descobrirmos quem são os seres humanos mais desprezíveis e que mereciam ser afastados da sociedade para reeducação. Se fosse possível definir as pessoas pelo seu aspecto físico, aqueles que escrevem o National Vanguard Tabloid talvez pudessem ter sido afastados da sociedade antes de escreverem tamanhos absurdos. Tenho medo, ao andar na rua, de pensar que posso cruzar com esse tipo de gente, sentar ao lado em uma sala de cinema, dividir uma fila de mercado…

Veja o texto completo do Mia Couto aqui.

O desenvolvimento para alguns

A primeira página do jornal O País, do dia 21 de janeiro trouxe o que, aparentemente, é uma boa notícia: Moçambique entre os países do mundo que mais cresceram na última década. A informação é da revista britânica The Economist e coloca Moçambique em oitavo lugar, com um crescimento de 7,9%.

O estudo aponta ainda que na última década o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) da África foi de 5,7%, enquanto a América Latina cresceu 3,3%. A perspectiva do estudo é que entre 2011 e 2015 sete países africanos estejam na lista dos 10 países do mundo com maior crescimento econômico. Eduardo Castro publicou no ElefanteNews matéria sobre esta perspectiva de crescimento dos países africanos.

Seria para comemorar se não estivesse ainda na cabeça notícia divulgada no final de novembro de 2010, no site Prestígio.co.mz: Moçambique entre os 49 países mais pobres do mundo.

Rolf Traeger, da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (CNUCED), observou à época que, nos últimos seis anos, o PIB moçambicano cresceu 50%, mas a percentagem da população que vive abaixo da linha da pobreza não se reduziu. Isso, considerando que a linha da pobreza limita pessoas que vivem com até um dólar por dia.

O economista ressalta ainda que nos últimos seis anos surgiram em Moçambique mais dois milhões de pobres. A pergunta dele — e de todo mundo — é: “Como é que o PIB, a economia, pode crescer 50%? Como é que o PIB per capita cresce cinco por cento ao ano e o número de pobres aumentou em dois milhões?”.

Andar nas ruas de Maputo traz a resposta: ao mesmo tempo que temos pessoas paupérrimas buscando sua sobrevivência nos contêiners de lixo que ficam a céu aberto pela cidade, encontramos casas maravilhosas, de três ou quatro andares, com acabamento de luxo, muitos carros caros na garagem e seguranças por todo lado. Resumindo em uma palavra: desigualdade. Tem pouca gente comendo mais do que precisa e muita gente passando fome.

O fantasma da inflação está por aqui

Em 2010, a inflação média anual de Moçambique foi de 12,7%, de acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), 3% acima da projeção inicial do governo. As medidas de austeridade e de redução de custo de vida — tomadas após as manifestações de um e dois de setembro de 2010 — continuam até março de 2011. No entanto, análise do Banco de Moçambique conclui que foram medidas insuficientes para travar o aumento do preço de produtos alimentares no país.

Nos últimos meses do ano, a inflação era possível de ser vista em nossas mãos: no fim de cada mês, sempre muitas cédulas novas de metical passavam a circular. Era o governo imprimindo notas novas. De acordo com comunicado recente do Banco Central de Moçambique “as medidas combinadas de natureza fiscal, orçamental e monetárias implementadas em Setembro de 2010, para atenuar o custo de vida revelaram-se importantes para amortecer a pressão inflacionária e contrariar as expectativas de inflação inercial, mas não se revelaram suficientes para anular o surto inflacionário e a pressão sazonal associada à quadra festiva”.

Um fator crucial tem sido a crise mundial da economia, que leva a restrições por parte de produtores de alimentos. Assim, os países menos industrializados, dependentes da importação, como Moçambique, sofrem mais. E isso já está visível nas prateleiras dos mercados. Alguns produtos que encontrávamos facilmente todos os meses, nesse começo de janeiro já não estavam à venda.

De acordo com a notícia Inflação assombra economia do país, do jornal O País, as projeções de organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), não são das melhores, pois apontam para uma subida dos preços de arroz, trigo, carnes, entre outros produtos básicos, uma vez que 2011 deverá ter inflação alta de matérias-primas.

Acordo?

Outro dia li a notícia Português ainda não é igual para todos no jornal O País e fiquei surpresa com algumas informações, como, por exemplo, que Angola e Moçambique ainda não ratificaram o novo acordo ortográfico, que visa homogeneizar as diversas formas de escrever português.

Eu bem estava achando estranho o assunto andar tão fora de pauta por aqui. Os textos são todos escritos sem a aplicação do acordo e eu nunca tinha visto nada na mídia sobre o assunto. Até agora só tinha ouvido comentários de alguns amigos sobre o acordo, observando as dificuldades que essa ou aquela mudança podem causar.

Depois de ler a notícia é que entendi porque o assunto está tão fora de pauta. Moçambique sequer reconhece o acordo. Em Cabo Verde parece que a adoção já está em andamento, ainda que classificada na matéria como “devagar”. São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor ratificaram mas não iniciaram a aplicação. Apenas o Brasil e Portugal ratificaram e já criaram mecanismos para a implementação.

No Brasil, a nova ortografia entra em vigor no país em 1 de janeiro de 2012. A data é determinada em decreto presidencial de setembro de 2008. Em Portugal, o novo acordo ortográfico entrou em vigor em janeiro de 2009. Mas, até 2015, decorre um período de transição, durante o qual ainda se pode utilizar a grafia atual.

Em entrevista também ao jornal O País, o escritor e jurista Jorge de Oliveira, secretário-geral da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), opina que o parlamento de Moçambique já deveria ter aprovado o acordo ortográfico. Ele vê as novas regras do acordo como pontos que “ajudariam muito a crescer em termos de redacção e simplificação da escrita”. Para Jorge, Moçambique está a ficar para trás.

O ministro da Educação de Moçambique, Zeferino Martins, citado na matéria do jornal O País, afirma que “No momento certo, levaremos o assunto ao Conselho de Ministros e à Assembleia da República para aprovação. O nosso objectivo é que os moçambicanos participem suficientemente no debate”. Mas se não se fomenta o debate? Como é que os moçambicanos participarão?

Acesse aqui um guia rápido para a nova ortografia.

Fusão de jazz e tradição africana

A experiência de João Carlos Schwalbach em um palco com as músicas que apresenta hoje foi em 1993. Mas, só agora, 17 anos depois, o disco saiu da gaveta. E já nem se chama disco, agora é CD. O pianista, compositor e produtor musical ficou mais conhecido nos últimos anos pelo trabalho que exerce em sua produtora, a Ekaya, estabelecida em Maputo. Na Ekaya são produzidos alguns dos principais jingles publicitários e trilhas sonoras para cinema de Moçambique.

Antes de ter a produtora, Schwalbach formou-se em Música Popular pela Universidade de Campinas, em São Paulo, Brasil. Agora, em dezembro de 2010, foi o momento de Despertar – nome do CD. E a promessa é que saia muita coisa da gaveta. O lançamento desse mês foi do volume 1. Já há promessa de mais dois com o mesmo nome.

“Despertar é mesmo isso, é o meu despertar como compositor, como solista. Toco em várias bandas e, em estúdios gravo para muita gente e acho que está na hora de ter os meus discos, porque as pessoas só sabem que sou o João que toca nos Ghorwane, que toca com Stewart, para Mucavel, agora vão ver o João que toca para João”, explicou em entrevista ao jornal O País.

O álbum em questão tem influência da música tradicional moçambicana, com fusão do afro e do jazz. Técnica pela qual Schwalbach já é conhecido: usar acordes e sonoridades ocidentais na música tradicional africana.

Abaixo, trago um vídeo publicado no canal do jornal @ Verdade do Youtube, do dia do lançamento do CD Despertar. O som não é da melhor qualidade, por ter sido gravado a partir da platéia, mas é possível sentir o talento.

Veja mais sobre o artista no site Mozambique Music Awards e no site da Rádio Moçambique.

Conheça o site de sua produtora, Ekaya.

Não deixe de ver também alguns vídeos da banda Ghorwane, na qual Schwalbach participa, no Youtube, aqui e aqui.