Morar em lugares diferentes é maravilhoso por diversos aspectos. Um deles é o fato de você encontrar pessoas que têm hábitos, culturas, valores e maneiras de fazer as coisas diferentes dos seus. Se você não é um completo cabeça dura, percebe, então, que nem sempre o seu jeito é o único existente e nem necessariamente está certo. Percebe, aliás, que há muito poucas coisas que podem ser definidas como certas ou erradas. Tudo depende do contexto em que acontecem.
Quando viajamos a passeio ou para morar uma temporada em um novo lugar, o mais importante é deixar para trás todo tipo de pré conceito e aceitar o que vier como novo, possível, interessante, didático. Essa atitude faz com que nos adaptemos facilmente ao novo ambiente e também sejamos bem aceitos pelos que lá já estão.
O que vai se dar nesse sábado aqui em Maputo, Moçambique, é algo que nunca tinha me passado pela cabeça acontecer. Mas está acontecendo… Imaginem vocês que, de acordo com as notícias que acompanhamos aqui pela TV, jornal e internet, o governo de Maputo comprou dois bois e dois cabritos para serem sacrificados em uma cerimônia que busca acabar com o mistério de desmaios na região.
Fico pensando como seria no Brasil um governador comprar animais para fazer sacrifícios buscando resolver um problema, aparentemente, de saúde. Pois bem, aqui o que se dá é que há comentários de que o governo agiu tarde. Porque, inicialmente, buscou uma solução científica para algo que a sociedade, desde sempre, dizia que se resolveria com uma cerimônia tradicional.
O problema misterioso em questão são desmaios de alunas do ensino secundário de uma escola de Quisse Mavota, na periferia de Maputo. Cerca de 70 meninas já sofreram desmaios desde o dia 13 de maio de 2010.
Há a crença de que faltou o cumprimento de algum ritual para a construção da escola, que se deu no terreno de um antigo cemitério familiar (apesar dos corpos terem sido exumados e transferidos para outro terreno antes da construção), e, como consequência disso, os espíritos estão zangados.
Cientificamente, pode ser explicado por envenenamento na alimentação local ou na água. Pode ser uma ansiedade generalizada devido ao período de provas. Ou ainda uma histeria coletiva gerada após o primeiro caso de desmaio, fazendo com que outras pessoas em volta passassem a ter os mesmos sintomas, sem ter o problema, necessariamente.
Mas como quinze dias se passaram sem um parecer científico resolutivo, neste sábado buscam a ajuda da sabedoria tradicional. Aguardemos os resultados.
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