Sábado bem brasileiro

Depois da tradicional feijoada com os amigos Sandra, Ricardo e Vasco, nesse sábado continuamos o dia brasileiro assistindo ao time de basquete do Brasil nos VII Jogos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

logomarca dos jogos no centro do ginásio

Os jogos da CPLP estão sendo realizados aqui em Maputo, com atletas de até 16 anos. O Brasil veio com os equipes de basquete masculino, handebol feminino e atletismo masculino e feminino. As outras modalidades dos jogos são futebol masculino, tênis masculino e feminino e vôlei de praia masculino e feminino.

Para saber mais sobre o evento, veja as matérias que o Eduardo Castro fez para a TV Brasil e Agência Brasil, aqui.

No jogo que assistimos, no Pavilhão Esportivo de Maxaquene, o Brasil venceu Portugal por 63/60 pontos. Durante quase todo o jogo, o time brasileiro ficou à frente no placar, com uma folga maior, por volta de 8 pontos. Mas no último quarto, Portugal se recuperou, ficando a apenas um ponto do Brasil. Para nossa sorte, o tempo acabou antes que a recuperação se tranformasse em superação e o Brasil venceu.

Foi muito legal torcer pelos meninos do Brasil aqui em Moçambique! Desejo sorte a todas nossas equipes nos próximos dias.

Abaixo, algumas fotos que fiz durante a disputa de hoje:

ataque do Brasil durante jogo basquete Brasil e Portugal 31 de julhojogo basquete Brasil e Portugal 31 de julho

jogo e torcida no ginásio de Maxaquene

Published in: on 31/07/2010 at 20:19  Comments (3)  
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Anão de jardim

No Jardim dos Namorados, em Maputo (Moçambique), anão em atividade.

Anão no Jardim dos Namorados

Published in: on 30/07/2010 at 11:24  Comments (1)  
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Marllen canta Moçambique

A moçambicana Marllen estudou teatro e dança antes de descobrir sua paixão pelo canto. Isso favorece hoje seu desempenho na interpetação, na grande expressividade de seus olhos e no domínio de palco, que encantam quem a vê.

Seu primeiro álbum foi lançado em 2008, em Maputo. Desde então, a carreira só ascendeu, graças à sua presença energética e sensual. Na Costa do Marfim fez enorme sucesso e foi batizada pelos fãs de Pantera Negra.

Moçambique é o nome da música que temos aqui, onde ela ressalta a beleza, as riquezas naturais e o desenvolvimento de sua terra natal, dando ênfase para o importante papel da mulher na sociedade moçambicana.

Emissões da Mozal: números não convencem

O assunto da vez no noticiário por aqui é a emissão de gases poluentes pela Mozal, um “complexo de ‘refinação’ de alumínio, de onde sai o metal com maior grau de pureza disponível no mercado mundial”, como define Paulo Granjo, em seu artigo acadêmico A mina desceu à cidade: memória histórica e a mais recente indústria moçambicana.

A indústria em questão fica a cerca de 17 quilômetros de Maputo, capital do país. Seu funcionamento começou por volta do ano 2000. A instalação, que teve investimentos na casa das centenas de milhões de dólares, é de responsabilidade de empresários da Grã-Bretanha, Japão e África do Sul. O estado moçambicano conta com uma pequena participação, conseguida graças a empréstimos de instituições dos três países envolvidos e ainda da Alemanha e da França.

Seu processo produtivo consome quatro vezes mais energia do que a utilizada por todo o restante do país. Aliás, segunda-feira falei aqui que grande parte dos habitantes de Moçambique ainda não tem acesso à energia. A Mozal tem, claro. Afinal, não ficaria sem energia o maior contribuinte para o Produto Interno Bruto do país (7% já nos primeiros anos de atuação) e empregador de mais de mil trabalhadores. A Mozal é ainda a principal responsável pelo superávit da balança comercial de Moçambique, em quase US$ 400 milhões, devido às exportações maciças de alumínio para a Europa (especialmente Holanda e Bélgica).

As instalações ocupam 140 hectares, com quase 600 fornos, alimentados por uma corrente contínua de 335 mil amperes, que aquece o minério a 960 graus, e que permitem a produção de 250 mil toneladas de alumínio por ano e um resultao líquido de US$ 19,8 milhões com um volume de negócios de US$ 390,6 milhões (dados de 2001, antes da expansão da empresa, em 2004).

Bem, com esses números astronômicos, há que se imaginar que a indústria tenha um alto grau de poluição. Mas se ela está instalada há uma década, por que virou assunto agora?

O fato motivador foi o anúncio feito pela Mozal de que nos próximos meses passará a emitir os gases poluentes diretamente na atmosfera, sem o uso de filtros, durante seis meses, período no qual será realizada a reabilitação do seu Centro de Tratamento de Fumos. Os gases em questão são fluoretos, dióxido de enxofre (SO2), dióxido de carbono (COs), além de poeiras e alcatrão, entre outros poluentes.

Diante do barulho feito pela sociedade civil e organizações não governamentais ligadas à proteção do meio ambiente, a empresa realizou, no dia 22 de julho, uma audiência pública para tratar do assunto.

Durante o evento, foi afirmado, com apoio do Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA), que o processo de escape direto, conhecido por bypass, não provoca danos ambientais, nem à saúde da população.

A Mozal defende que o cenário não muda com a emissão direta pelo período de seis meses, uma vez que a quantidade de fumaça liberada diretamente ainda será inferior à recomendada por normas internacionais, como as da Organização Mundial de Saúde (OMS). Usou ainda o argumento de que, de acordo com o estabelecido pelo governo de Moçambique, o limite para emissão anual seria de 500 toneladas. Nesse momento, em operação normal (com filtros), a emissão tem sido de 240 toneladas.

A empresa alega que a atividade com escape direto (sem os filtros a funcionar) terá emissões de 246 toneladas por ano, crescendo apenas seis toneladas do volume emitido com filtros e continuando, portanto, dentro dos parâmetros legais.

Invoco aqui o céu azul que está sobre o Índico!

Não é “ecochatice”, mas se os filtros estão retendo apenas 2,5% das emissões, devem estar de fato a precisar de uma reabilitação. E das boas! Essa diferença de 240 toneladas para 246 toneladas, se fosse em pesquisa eleitoral, estaria dentro da margem de erro. Não é possível a Mozal querer convencer alguém com um argumento desses.

Mas parece que o governo moçambicano (sócio minoritário na empresa, mas com certeza largamente satisfeito pelo incremento que essa oferece ao PIB, ao superávit da balança comercial e aos índices de emprego no país) já está convencido de que nada de mal nos acontecerá e a operação está liberada.

Pelo sim pelo não, por ser vizinha da Mozal e pela sua emissão atingir um raio de 100 quilômetros, onde vivem cerca de três milhões de pessoas, resolvi participar do abaixo-assinado que pede: o fim da autorização que o governo deu à Mozal para a operação sem filtros; a concepção de alternativas limpas e sem danos; a realização de um programa de informação pública; e a limpeza, descontaminação e indenização de todos que se sintam afetados por essas poeiras e gases.

Eu pediria ainda maior transparência aos dados de emissões com e sem filtros.

A petição pode ser assinada online e está aqui.

Veja mais no Jornal Notícias e no O País.

Os dados sobre a instalação da Mozal e sua produção foram retirados da matéria Mozal II — construção de primeira, da edição 34 da revista Moçambique (veja aqui), e também do artigo A mina desceu à cidade: memória histórica e a mais recente indústria moçambicana, de Paulo Granjo, que pode ser visto na íntegra aqui.

Natureza viva

Um pouco do que vemos de manhã, durante nossa caminhada à beira do Índico, na Avenida Friedrich Engels, em Maputo.flores na Avenida Friedrich Engels

Published in: on 27/07/2010 at 08:06  Comments (4)  
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Luz para Moçambique

A edição da revista Capital de julho, uma publicação aqui de Moçambique, informa que “Perto [de] 15% da população moçambicana já está ligada à rede de energia elétrica graças a um esforço que a Electricidade de Moçambique (EDM) está a encetar no sentido de dinamizar a rápida expansão da rede eléctrica nacional por todo o país”. Ou seja, dos quase 20 milhões de habitantes do país, 17 milhões ainda não têm acesso à energia elétrica. Mas isso representa um avanço na realidade local.

Eu tive a oportunidade de conhecer o nordeste do Brasil no início do programa Luz para Todos, do governo federal. Não falo do nordeste dos turistas, que ficam hospedados em hotéis com energia 24 horas por dia, comendo camarão e lagosta a preços baratíssimos para quem recebe salário no sul ou no sudeste do país ou ainda em Euros, na Europa. Falo do nordeste que até o início do século XXI ainda não tinha geladeira e televisão em casa, porque não tinha energia.

Para quem nasceu na cidade, como eu, com energia elétrica chegando à porta de casa todos os dias, o dia todo, sem restrições, fica muito difícil entender a vida sem ela. Eu lembro quando era criança, em São Paulo, e faltava luz com alguma freqüência — talvez algumas horas, uma vez por semana ou a cada quinze dias. Aquilo era um tormento. Não sabíamos viver sem ela.

Então, já adulta vim descobrir a vida das pessoas que nunca tinham energia. E foi com muita alegria no coração que vi, em 2005 e 2006, chegar a essas pessoas a luz dentro de casa. Energia que permitia às crianças estudarem em casa à noite, lerem sem forçar a vista com a fraca iluminação das velas ou lampiões, energia que possibilitava às mulheres trabalharem fazendo costura à máquina, gerando renda para suas famílias. Vi chegar geladeira, televisão, cidadania na casa das pessoas.

Agora, fico feliz em saber que Moçambique está em um esforço para levar energia a todos seus habitantes. Ainda falta muito, mas espero que consigam realizar algo como foi realizado no Brasil nos últimos anos. Vou gostar muito de estar aqui para ver, novamente, a cara feliz de quem enxerga cidadania não mais à luz de velas.

Levar ou trazer

Não, definitivamente, português não é um idioma simples. Esses verbos levar e trazer me perseguem desde meus primeiros tempos escolares. Para mim, levar era pegar algo e tirar de perto de quem fala e trazer era justamente o oposto, fazendo com que o objeto chegasse perto de quem fala. Isso sem falar nos outros sentidos como levar uma surra. Mas aí seria confusão demais para um texto só. Vamos nos ater aos primeiros significados.

Como eu disse, o problema vem de meus tempos escolares. Estudei em escola alemã, logo, tive muitos amigos alemães e alguns que, mesmo brasileiros, em casa falavam alemão, portanto tinham um sotaque carregado e dificuldades com o português. Nunca me esqueço uma grande amiga que sempre falava trazer para qualquer das situações (fosse levar ou fosse trazer, era trazer). Eu creditava isso ao verbo zu tragen, em alemão, que tem os dois sentidos, é transportar seja lá para onde for.

Eis que chego para morar em Moçambique, pensando que morreria de calor e me entenderia fácil com as pessoas, uma vez que o idioma falado aqui também é português. Enganei-me. Em ambos os casos.

Uma das primeiras providências para nos instalarmos na cidade foi contratar o serviço de TV a cabo. Então vieram dois funcionários fazer a instalação. De repente, estava só um a trabalhar na sala. Perguntei pelo colega e ele respondeu: “o cabo que tinha aqui acabou, então ele foi ao carro levar mais”.

Aquilo não me soou bem. Se ele foi levar ao carro os cabos, é porque tinham sobrado, não? Se os cabos tinham acabado, ele foi buscar, trazer mais, certo?

Guardei o pensamento para mim.

Em outros momentos ocorreu o mesmo. O levar tomava o lugar do trazer na frase. Foi me deixando inquieta.

Ontem, a Gertrudes, que trabalha aqui em casa tinha que me entregar duas fotos para fazer a carteira dela de acesso ao local onde moramos. Ela veio explicar porque não tinha as fotos: “eu fui lá e fiz as fotos, mas a loja já estava fechando, então pediram para eu voltar hoje para levar”.

Levar o que, meus céus azuis sobre o Índico?

Não era levar, era buscar, recolher, trazer, pegar para entregar para mim, qualquer coisa, menos levar!

Chegou, então, o momento de ir aos dicionários.

Pelo dicionário brasileiro Houaiss, levar pode ser transportar a (determinado lugar); carregar, conduzir; carregar consigo; e até ser portador de, portar (algo concreto ou abstrato) para dar ou entregar a; trazer.

E se levar é trazer… o que diz o Houaiss sobre trazer? Transportar, levar ou ser o motivo de (alguém ou algo) vir junto, deslocando-se em direção ao lugar onde está quem fala ou de quem se fala; levar (algo) consigo ou sobre si mesmo.

Portanto, o levar consigo é que complica tudo. Porque o consigo, normalmente fica oculto, dificultando o entendimento.

Já o dicionário Aulete é mais específico nas definições:

Trazer: transportar para cá; usar, portar; chamar, atrair; conduzir, encaminhar… e vários outros significados, mas levar, não.

Levar: fazer passar (de um lugar) para (outro); transportar; retirar do local, do recinto (em que se encontra o falante), afastando ou conduzindo para outro lugar; tirar ou afastar (algo ou alguém) de (determinado lugar); carregar consigo para dar ou entregar a (alguém)… e vários outros, mas não trazer.

E o Priberam, de português de Portugal, é bem explícito. Logo no primeiro significado de trazer deixa claro: “Ser portador de, conduzir para cá. ≠ levar”. E em levar traz o sentido: tirar (alguma coisa) de diante de alguém; e diversos outros, mas não trazer.

Então, tal confusão não se dá pelo português brasileiro ser diferente do de Portugal, que é o usado originalmente aqui em Moçambique. Parece que houve algum ruído na comunicação, em algum lugar do passado…

Papo de manicure

Fui à manicure. E manicure, cabeleireiro, depilação, são lugares onde se filosofa sobre a vida. Cada hora em um desses lugares renderia um tratado sociológico. Hoje não foi diferente.

No pequeno salão onde só se faz manicure e pedicure, éramos cinco: duas manicures, duas clientes sendo atendidas (entre elas, eu) e uma terceira esperando. A moça que esperava e eu podíamos ser consideradas as “tias” do lugar. As outras três tinham lá seus 20 anos, uns a mais, uns a menos.

Havia também um sexto elemento importantíssimo: a televisão. Afinal, em geral, os assuntos tratados nesses locais são baseados ou no que está a passar na televisão ou no que está escrito nas revistas de fofoca. Nesse salão não há revistas de fofocas à disposição. Logo, o assunto é pautado pela TV.

Na tela, Celso Zucatelli e sua turma no programa Hoje em Dia, da TV Record. Os assuntos: caso do goleiro Bruno, que seria responsável pelo desaparecimento de Eliza Samudio, e um outro caso de crime passional que eu ainda não tinha ouvido falar e agora não lembro os nomes dos envolvidos.

Então começam os comentários. Vale dizer que brasileira ali, só eu.

— Vocês brasileiros vivem muito a paixão. Não diferenciam paixão e amor, disse a manicure que não me atendia.

— É verdade, depois, quando acaba, porque paixão ou acaba ou vira amor, acabam com a mesma intensidade. Não é terminar um relacionamento. É tirar a pessoa do mundo, filosofou a que me atendia.

— É por isso, eles vivem a paixão. E é tudo muito rápido, voltou a falar a primeira.

— A gente sempre está a ver esses casos na televisão, lá vocês são muito violentos com as coisas de amor, disse a cliente que estava a ser atendida ao meu lado.

E a manicure que me atendia:

— No Brasil tem muito essas histórias de conhecer e já ir beijando, vocês não valorizam um beijo, um gesto de amor, tudo é muito fácil.

— Aquela Giovanna Antonelli, já casou umas quatro vezes. E toda vez é para sempre. Os brasileiros são assim: conhecem a pessoa, já beijam, já tudo… e em algumas semanas fazem tatuagem com o nome do outro no corpo e casam para sempre. E não dura um ano, analisou friamente a minha colega cliente.

Então, a manicure que a atendia contou seu caso particular:

— Outro dia saí com um gajo. Fomos com uma turma tomar uma cerveja, ver um jogo de futebol do Mundial. Depois, ele disse que ia me deixar em casa. Estávamos a chegar em casa, encostou o carro e conversamos um pouco. Para mim estava bom parar ali e nos vermos de novo outro dia. Mas ele já veio logo querer me beijar. E eu “Espera lá! Nem conheço você. Nos falamos duas vezes por telefone, hoje saímos, vamos com calma. Não vou estar a te beijar assim”.

E ela reclamou para nós que o tal gajo teria dito imaginar que ela fosse uma pessoa “moderna”. Ela respondeu que se “isso” é ser moderna, ela não é não. E estava lá no salão, toda convencida de ter feito a coisa certa, “não ia ser assim que ia sair a beijar um gajo”.

Ao fim, a manicure que me atendia acusou:

— É isso. A gente valoriza o que faz. Não vamos sair a beijar assim. Meu beijo vale muito. Tenho que sentir que vai ser bom para mim também e vai ter algum sentido. Mas agora, aqui estão a querer que seja assim como lá. Já estão a inventar esse negócio de ficar.

É, minhas amigas, é a influência da televisão brasileira em vossas vidas…

Aliás, sobre isso já falou Eduardo Castro, no ElefanteNews, com uma matéria da TV Brasil. Veja aqui.

Hakuna Matata

A expressão ficou bastante conhecida depois do filme O Rei Leão. Era falada e cantada pelos personagens Timão e Pumba. Não lembra? Não viu? Ai, ai, ai… mas não vai perder. O Mosanblog traz para você! Aqui o trecho do filme:

Mas hoje não é dia de cinema, é dia de música, então, vamos falar da música onde a expressão Hakuna Matata é largamente usada: Jambo Bwana. Composta pelo músico queniano Tedy Kalanda Harrison e gravada pela primeira vez em 1980.

Já foram feitas muitas versões, com pequenas alterações na letra, mas a essência continua a mesma: dar boas-vindas ao estrangeiro que chega ao Quênia.

É cantada em Suaíli, idioma banto que também encontramos aqui em Moçambique, uma das línguas oficiais do Quênia. Aqui você curte a música de Tedy Kalanda e abaixo a tradução:

Jambo = Olá
Jambo, Jambo Bwana = Olá, olá senhor
Habari gani? = Como está?
Mzuri sana = Muito bem
Wageni, mwakari bishwa = Estrangeiros, vocês são bem-vindos
Kenya yetu Hakuna Matata = No nosso Quênia não há problema

(repete sete vezes)

Kenya nchi nzuri = O Quênia é um bonito país

Nchi ya maajabu = Um lindo país

Nchi yenye amani = Um país pacífico

Kenya yetu Hakuna Matata = No nosso Quênia não há problema

Hakuna Matata = Não há problema/Sem problemas

Hakuna Matata = Não há problema/Sem problemas

Kenya wote = Todos quenianos

Hakuna Matata = Não há problema/Sem problemas

Não é desrespeito, seu guarda, é cegueira mesmo

Estou bem acostumada com essa coisa de área restrita, devido aos limites da presidência. Já morei em Brasília, Washington e agora a casa onde moro fica dentro da área restrita de Maputo, vizinha de frente da casa do presidente Armando Guebuza. Aqui não tem portaria, tem zona de controle…

Então, sei como me portar nesses lugares e sempre respeito. Mas hoje, dei bobeira. Estava a caminhar pela avenida Julius Nyerere, passando em frente ao extenso muro branco da área de trabalho da presidência, onde ficam os escritórios do presidente, de alguns ministros e ainda algumas residências oficiais, quando não vi que não devia estar ali.

Eu não enxergo lá muito bem. Na verdade, acho que é mais psicológico do que físico, porque pelo pouco de miopia que tenho, as pessoas normalmente nem usam óculos. E eu tenho três, um de sol e dois transparentes, para a eventualidade de um se quebrar. Quando não estou com eles, me sinto cega. E hoje eu estava com o de sol. Pelos exames médicos, eu deveria estar enxergando perfeitamente. Mas sempre enxergo bem só de perto. Sem óculos, então, nem vejo nada.

Foi assim que comecei a andar na calçada percorrendo a extensão de mais de um quilômetro do muro branco. E então, em uma guarita a frente vejo um guarda fazendo um sinal com a mão, indicando o outro lado da rua. Nem percebi nada, achei que o sinal fosse para algum colega dele. Segui meu passo. Quando me aproximei um pouco mais, o guarda, que já estava fora da guarita fazendo o sinal insistentemente, entrou e voltou com uma enorme metralhadora em mãos. Apontou para mim (e aí sim eu comecei a achar que era comigo) e repetiu o sinal para o outro lado da rua. Parei. Olhei para trás, não havia ninguém ao curto alcance dos meus olhos. Era para mim, sem dúvida. Achei melhor atravessar. Fiz um sinal que tinha entendido, esperei a primeira brecha entre os carros e fui.

Perdoe, seu guarda, não foi por mal. Não vi nenhuma placa informando que não deveria seguir ali. Ainda que não descarto a possibilidade de ter passado por alguma. É que fico assim, meio abobalhada, apreciando a cidade ainda nova para mim e deixo passar informações importantes. Quiçá, vitais…

Published in: on 21/07/2010 at 18:36  Comments (2)  
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