Ao falar, influência do inglês e de muito mais

Já foi comentado nesse blog sobre a influência dos países que fazem fronteira com Moçambique, no que diz respeito a hábitos ingleses, como a mão de direção dos carros, por exemplo, devido à colonização inglesa que sofreram.

Não sei se também tem a ver com os países em volta que falam inglês ou se é pela influência dos tantos estrangeiros que vivem em Maputo, mas aqui palavras em inglês permeiam o vocabulário o tempo todo.

Uma pessoa pode atender ao telefone ao seu lado e você ouvir o seguinte diálogo (ou parte dele, uma vez que só ouve quem fala perto de você):

— Alô.

— Tô no job (trabalho).

— Não, boss (chefe) não tá.

— Tá nice (bonito, lindo; legal).

E como aqui há forte influência dos idiomas tradicionais também, é divertido, por exemplo, ouvir alguém falar que tal coisa é “maningue nice”, ou seja, bastante bonito. Maningue é palavra em changana, um dos idiomas banto falados em Moçambique.

Fica muito interessante, porque vários idiomas convivem pacificamente no mesmo diálogo e todo mundo se entende.

Quem sabe aqui não estamos a ver a construção de um autêntico idioma internacional, o que esperanto não conseguiu ser?

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9 ComentáriosDeixe um comentário

  1. INFLUÊNCIA DE INGLÊS….

    O mais interessante é como o Inglês tem influenciado mais as línguas locais moçambicanas do que tem influenciado a língua portuguesa.

    Exemplos, até de sobrenomes:

    Mário SEVENE (do Inglês: 7 [seven).
    Antonio FIFITINE (15 fifteen)
    Herculano PENICELA (pencil)
    Pedro HAMELA (hammer = martelo)
    Alfeu NOMBORO (number número)
    Pedro MUTCHINI (machine=máquina)
    Etc.etc. etc.
    _____________
    Sanflosi disse: “ Fica muito interessante, porque vários idiomas convivem pacificamente no mesmo diálogo e todo mundo se entende.”
    _______________
    A mim o que me impressiona muito neste aspecto referido acima é o caso Sul-Africano.

    Assisti, várias vezes na África do Sul, para o meu agrado, bóeres comerciantes a se comunicar com negros clientes: o bóer falando afrikaans e o zulu a falar zulu e a se entenderem perfeitamente sem precisarem duma tradução. Vi patrão ou patroa a falar bantu com empregado/a, isto é, em vez de ser o empregado doméstico a aprender a língua do patrão ou patroa é o inverso. E isto não são excepções, é algo corriqueiro lá.

    Outra coisa interessante é o “FANAGALO” ou “FANAKALO” – uma língua de trabalho nas minas da África do Sul (mistura tudo: palavras do inglês, afrikaans, de zulu, de changana, de xhosa, de tswana, etc.) – nunca vi língua tão fácil de entender e falar (pelo menos para nós daqui da zona da África Austral).

    Na África do Sul eu me sinto confortável falando com os negros em changana do que em Inglês (falo minimamente o inglês). Nas primeiras visitas (1982) que fiz à Africa do Sul, julguei que o meu inglês me seria de ajuda e foi, mas descobri que os negros sul-africanos não gostam de serem abordados em inglês por outro negro. Como eu não falo zulu, xhosa, suthu, swazi, tswana, venda, etc (línguas bantu da África do Sul), optei por falar sempre em changana cada vez que eu abordava um negro. Para minha surpresa, em Jonnesburg e Pretória, na maioria dos casos, descobri que muitos falam ou entendem changana, embora muitos deles não são changanas locais – são de outras etnias (p.ex. swazi, sutho, tswana, etc.). NESTE ASPECTO OS NEGROS SUL-AFRICANOS SÃO SUPERIORES A NÓS MOÇAMBICANOS colonizados por Portugal, cuja política de colonização se centrava em tornar os negros aculturados, sem sua língua nativa.

    Desde os tempos do IMPÉRIO DE GAZA, que os moçambicanos do centro e sul de Moçambique trabalham nas minas sul-africanas, de tal maneira que nas nossas línguas bantu daqui da região austral há muitíssimas palavras e expressões que são corruptelas do inglês e afrikaans. (p.ex. xipunu (spoon); tafula (mesa de afrikaans), xiporo (spoor -afrikaans= carril); basopa! (“cuidado” de afrikaans); xitulu (stool); tchova (shove=empurra). Mesmo dinheiro português é designado em inglês : “pondo” (100 escudos) de “pound” (inglês); tcheleni (5 escudos) de “shelling (inglês), etc. etc. etc.

    Não esquecermos que Moçambique é membro da COMMONWEALTH (e não é por acaso que assim é – embora alguns portugueses com mentalidade colonial estejam incomodados com isso. Há todo um longo historial de ligação secular com as ex-colónias britânicas – étnica, laboral, cultural, línguistica, etc.)

    • XIPORO (de spoor – carris da linha férrea)

      • Nota: Importante notar que o Tsonga (Shangaan, Changana ou Xangana) na África do Sul é uma das DEZ LÍNGUAS OFICIAIS da República.

        Um dia estava eu em Komatiport e tinha gasto os randes que levara de Maputo e então me dirigí a um ATM da Barclays. Eis que vejo que dentre as 4 línguas a seleccionar, uma era Tsonga/Changana – e usei essa língua para levantar os randes que eu queria.

        Muitas vezes na África do Sul, ouço os negros a falarem linguas locais que eu não conheço e portanto deduzo que a melhor maneira de eu me comunicar com eles só pode ser em inglês. Quando me dirijo a eles em inglês eles me perguntam: “afinal, você é de onde?”. Quando respondo que sou de Moçambique, então começam a falar comigo em Changana. A impressão com que fiquei é de que eles raciocinavam: “Este preto quer se fazer de branco”. Daí que passei a adoptar aquela táctica de sempre abordar todos os pretos em Changana e só quando não nos entendemos é que falo inglês.

        Nós moçambicanos colonizados por Portugal ainda continuamos “colonizados” em relação às nossas línguas locais. Os colonizadores portugueses chamaram e continuam a chamar as nossas línguas locais INDISCRIMINADAMENTE de “DIALECTOS”. Para os colonizadores portugueses as línguas locais não podiam ser línguas, porque a língua era só uma – a LÍNGUA PORTUGUESA. – elas, as línguas locais só podiam ser dialectos (expressão menosprezante na filosofia colonial).
        O que é um DIALECTO? Segundo o “Dicionário da Língua Portuguesa-2006 – Dicionários Editora”: “dialecto” s.m. “linguística – variante local ou regional de uma língua, que se distingue pelas especificações a nível da pronúncia (fonética) e do vocabulário (léxico)”

        Posto isto, é pertinente perguntar: Será que Ronga, Changana, Macua, Ndau, Sena, Maconde, Yao, Chope, Bitonga, etc… são “variantes locais ou regionais” da lingua portuguesa? A resposta é um grande “NÃO”. São “dialectos” da lingua portuguesa? NÃO. Então, por que os colonialistas portugueses chamaram as nossas línguas locais INDISCRIMINADAMENTE de “dialiectos”? O problema é que os colonialistas portugueses não encontraram outra expressão infereriorizante para designar estas línguas locais, daí INDISCRIMINADAMENTE chamá-las TODAS DE “DIALECTOS”.

        A Língua dominante na Espanha é o Castelhano. Mas será que eles chamam as outras línguas, como Catalão, Galego e Basco, INDISCRIMINADAMENTE de “dialectos”?

        As línguas “nacionais” moçambicanas têm seus respectivos dialectos (ou variantes). Por exemplo: Dialectos da Língua Ronga, segundo a ”Gramática da Língua Ronga – de Cláudio Bachetti), são quatro: “Xilwandle (Xikalanga)” falada no distrito da Manhiça. “Xinondrwana”, falada em Marracuene, Maputo, Matola e Boane. “Xizingili” (Xiputru), falada desde Catembe até Ponta do Ouro. “Xihlanganu”, falada em Moamba-se e parte do distrito de Namaacha.

        Portanto, chamar INDISCRIMINADAMENTE de “DIALECTO” toda e qualquer língua moçambicana é a nossa herança do colonialismo português que menosprezava as nossas línguas locais ou “nacionais” e nós próprios moçambicanos, com a nossa falta de auto-estima, continuamos a perpetuar essa humilhante “herança” colonial – nós mesmos chamando INDISCRIMINADAMENTE TODAS AS NOSSAS LÍNGUAS NACIONAIS DE “DIALECTOS.

        Todas as línguas européias têm seus respectivos dialectos (isto é variantes) e ninguém chama INDISCRIMINADAMENTE essas línguas (Português, Inglês, Francês, Alemão, Holandês, etc.), de “DIALECTOS”.

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    And you et an account on Twitter?

  3. […] Mosanblog observa como a introdução de palavras em inglês está rapidamente influenciando o português coloquial em Moçambique. […]

  4. Mas em Cabo Verde também falam muito assim e não têm nenhum país de lingua inglesa por perto. Nesse caso talvez seja influencia da imigração para os EUA…
    Beijos

    • Em cabo Verde mais precisamente na ilha de São Vicente fala-se assim de facato , devido a forte presença inglesa na ilha a partir de 1850 quando implanttaram varias companhias carvoeiras na dita ilha.

  5. Acabei de ver no ElefanteNews a reportagem sobre as escolas bilíngues e, considerando que por aí se fala mais de 20 idiomas, imagino o “esperanto” que isso vai dar! Mas gostei, apesar de que imagino ser maningue complicado rsss. Bjs

  6. Vou começar a conversar aqui assim. Principalmente no meu job. maningue nice mesmo… porque tem que ter um quê goiano na história. o goiano tem que colocar o mesmo porque ele tem que exagerar ou sertanejar um pouco. Mas é muito interessante as influencias de linguas no vocabulário diário dos países. E acho que vou conseguir aprender esse novo esperanto.


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