O mundo na cabeça e o futuro nas costas

Elas carregam o mundo na cabeça e o futuro nas costas. Assim são as mulheres africanas. Em Moçambique, já ouvi muitos homens assumindo que elas é que definem a política do país. A OMM (Organização da Mulher Moçambicana) é respeitada e ouvida pelas principais figuras nacionais.

E essas mulheres tão fortes, tão influentes, carregam pelas ruas do país, literalmente, tudo na cabeça. É difícil andar pela cidade sem cruzar uma mulher que esteja carregando quilos de frutas, sacolas com roupas, madeira e lenha, botijão de gás e o que mais for necessário, sempre na cabeça. E isso se repete por toda a África. Matéria da AngoNotícias, de Angola, conta que as mulheres trabalham até mesmo em transporte de carga pesada, lado a lado com homens.

Muitas vezes, nas costas estão crianças dormindo placidamente ou a brincar com os cabelos ou colares da mãe. As mãos da mulher ficam livres para poder cortar as frutas, embalar os produtos que vendem ou contar o dinheiro. Há mulheres que trabalham até mesmo em serviços de limpeza com a criança às costas.

Para colocar o filho nesta posição, é simples: a mãe se curva para a frente, coloca o bebê com a barriga encostada nas suas costas, coloca a capulana por cima do bebê e enrola o tecido em volta dela, prendendo o bebê. É possível ver crianças de até cerca de três anos carregadas dessa maneira.

Há quem diga que as mulheres fazem assim para ficarem com as mãos livres e poderem fazer outras coisas além de carregar o que precisam. Outros dizem que é porque o peso na cabeça dá a sensação de ser mais leve, mais bem distribuído para ser carregado. Se perguntamos às mulheres, elas riem e nem sabem explicar. Aprenderam assim, sempre fizeram assim, nunca pensaram em fazer diferente…

Cientificamente, o que temos é uma pesquisa da Universidade de Tecnologia da Cidade do Cabo sobre o assunto. Em 2010, o blog Formação Adicional divulgou o resultado, informando que carregar objetos na cabeça “não é mais eficiente do que as outras maneiras e ainda causa dores fortes no pescoço”. De acordo com a pesquisa, não se gasta menos energia ao carregar o objeto na cabeça e a quantidade de oxigênio consumida é a mesma.

Mas, por aqui, as mulheres continuam seguindo a tradição.

Veja mais sobre as formas como as mães carregam seus filhos no site Amanhecer da Verdade.

Leia mais sobre a pesquisa da Universidade de Tecnologia da Cidade do Cabo no texto Mais um mito é derrubado.