Mariza

Uma fadista portuguesa? Que relação com a nossa Quinta Quente ela tem? Primeiro, nasceu em Maputo, ou melhor, quando nasceu ainda era Lourenço Marques. Segundo, nasceu no dia de hoje. Então, a Quinta Quente dá os parabéns à nova diva do fado nascida em Moçambique aos 16 de dezembro de 1973.

Nasceu no hospital de Lourenço Marques (hoje hospital Central de Maputo), prematura, aos seis meses e meio de gestação e, ainda pequena, era carregada às costas da maneira tradicional, com uma capulana amarrada. No entanto, aos três anos de idade saiu de Moçambique e voltou apenas aos 18 anos, não tendo lembrança nenhuma do país.

Eu a conheci há alguns anos, em Brasília, em um evento da Embaixada de Portugal no Brasil, e ela estava, como sempre se apresenta, com longos vestidos escuros a cobrir seu corpo esguio de 1,79 m, deixando à mostra apenas sua cabeça de cabelos claros, muito claros e muito curtos. Em algumas apresentações se pode ver também seus braços longos descobertos.

Devo confessar que fado não é exatamente o estilo musical que mais me empolga. Diz-se que o fado fala de sentimentos profundos da alma e faz chorar as guitarras. Talvez o que não me empolgue é justamente toda essa tristeza, que faz chorar até as guitarras. Mas o que está em questão nessa Quinta Quente não é o gênero musical, mas a artista.

Fado ou não, Mariza tem uma voz maravilhosa, firme, segura, afinada e forte. E tem uma dicção muito clara, qualidade rara nos nossos amigos portugueses. Ou seja, o que lhe sai da boca nos cai bem aos ouvidos. E ela tem ainda a capacidade de dar novos ares ao fado, ares mais modernos, sem perder a tradição. Como é isso? Só ouvindo… Ela incorporou o batuque ao fado e chama a isso o Fado da Mariza. “O fado de Mariza não tem nada a ver com as lacrimejantes e lamúrias do fado clássico. É uma nova forma de cantar, alegre e menos nostálgico, em que Mariza incorpora rasgos e rufares de tambor típico de Moçambique, terra que a viu nascer em 1973. É uma espécie de reforma ao fado tradicional, com a introdução da percussão”, explica o blog Moçambique para Todos.

A prova de que suas inovações são bem aceitas são os inúmeros prêmios que já recebeu, como First Award – Most Outstanding Performance, no Festival de Verão do Quebeque, em 2002; Melhor Artista Européia na área de World Music, pela BBC Radio 3, também em 2002; distinção da crítica alemã com a Deutscheschalplatten, em 2003; 6º lugar no Top Billboard de World Music, também em 2003; Personalidade do Ano 2003, em Portugal; European Border Breakers Award, em 2004, entre outros.

Vamos ouvir aqui Rosa Branca:

De Rosa ao peito na roda
Eu bailei com quem calhou (2x)

Tantas voltas dei bailando
Que a rosa se desfolhou (2x)

Quem tem, quem tem
Amor a seu jeito
Colha a rosa branca
Ponha a rosa ao peito (2x)

Ó roseira, roseirinha
Roseira do meu jardim (2x)

Se de rosas gostas tanto
Porque não gostas de mim? (2x)

Quem tem, quem tem
Amor a seu jeito
Colha a rosa branca
Ponha a rosa ao peito (6x)

Colha a rosa branca
Ponha a rosa ao peito (2x)

Conheça o site oficial da cantora.

E veja outros vídeos dela que estão disponíveis no YouTube.

Mais sobre Mariza:
Mariza: “O fado é uma alma despida: chora, tem feridas, dói”, entrevista onde ela fala sobre sua relação com Moçambique.

biografia.

– Notícia do Moçambique para Todos, em 2006, quando ela fez uma apresentação em Maputo.