Na Quinta Quente da semana passada eu trouxe aqui um grupo de rap marroquino, o Fnaïre. Já que estamos no ritmo, vou apresentar mais um rapper, agora moçambicano. Não, eu não sou fã de rap. Na verdade, nada contra, nada a favor, mas acho que tem pouca musicalidade.
No entanto, não cairia nem bem falar de rap no Mosanblog e não citar o Azagaia, um artista moçambicano, conhecido dentro e fora do país, por toda África e além. Então, vou apresentá-lo aqui, assim consideramos o rap bem representado e pronto.
Seu nome é Edson da Luz. O primeiro álbum lançado foi em 2007, aos 23 anos. Como acontece com muitos rappers, ele tem um importante papel de conscientização social. “Eu julgo que o povo tem de começar cada vez mais a tomar o poder, a participar mais da vida política do país; A Marcha é mesmo o convite às pessoas para que estas se insurjam”, afirmou em entrevista à BBC Para África.com.
Após a greve geral de setembro de 2010 no país, ele lançou a música Povo no Poder, que tem uma letra forte e corajosa. Quem se lembra dos acontecimentos de setembro de 2010, da tensão por aqui, há de compreender a importância de ter um artista a mostrar ao povo sua própria força. Se não conhece essa história, veja o post Greve de ninguém.
“Só agora é que (o presidente) reúne esse conselho de ministros. O povo nem dormiu, está reunido há muito tempo”… “governação irracional parece que contamina”…
Na mesma entrevista ao site da BBC Para África, ele falou coisas como “as pessoas devem começar a conhecer melhor os seus direitos”… “a Constituição da República, em Moçambique, tem que ser tomada como uma bíblia e divulgada pela população”… “porque diariamente os nossos direitos são violados, por exemplo, pela própria polícia”.
Esse ímpeto conscientizador para a mudança e defesa dos direitos humanos é o que me agrada nele. Mais que a música em si. E como a Quinta é quente, nada como um artista que gosta de colocar lenha na fogueira. 😉
Veja também entrevista do Azagaia no blog Diário de um Sociólogo.
Eu sou fa do cantor Edson da Luz mais conhecido por Azagaia, um dos grandes rapper mais conhecido em mocambique e m Africa e mais. Admiro muito o cantor porque fala a verdade e disperta o povo mocambica o br tem que ser lido como uma bibilia foraca ai mano Aza
[…] dia 29 de julho, as notícias chamavam para o lançamento do novo vídeo do cantor Azagaia, o rapper mais falado de Moçambique nos dias de hoje. O lançamento seria no Gil Vicente Bar e o […]
[…] que até já apresentei alguns dos quais não sou a maior fã (nomeadamente Cesária Évora e Azagaia, por exemplo). Não que eu não goste totalmente, mas há restrições para cada um. Então, […]
Gostei muito do post como sempre, e Azagaia é uma figura que precisa de reconhecimento e aplausos pela coragem com que segue em frente na sua carreira de músico.
Só gostaria de corrigi-la pois a música Povo no Poder foi composta antes das manifestações de 5 de fevereiro de 2008. Como pode ver no link a seguir Azagaia inclusive foi interrogado pela polícia (em abril de 2008) em virtude do conteúdo dessa letra.
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2008/04/pgr-intima-azag.html
Cátia, muito obrigada pela informação correta a respeito da música e pelo link, bastante relevante por sinal.
Abraços.
Sandra.
Ratifico integralmente o final do seu posto:
“Esse ímpeto conscientizador para a mudança e defesa dos direitos humanos é o que me agrada nele. Mais que a música em si. E como a Quinta é quente, nada como um artista que gosta de colocar lenha na fogueira.”
Como comentei na Quinta Quente anterior, não gosto de rap, mas ímpeto conscientizador de mudança parece não faltar para o Azagaia, a julgar pelos títulos da maioria de suas músicas que pesquisei:
-Combatentes da Fortuna
-A Marcha Director’s Cut
-Corre e avisa
-Combatentes
-As Mentiras da Verdade
-O Ciclo da Censura
E a excessão de “O Ciclo da Censura”, os demais têm imagens muito fortes nos clips musicais!
Valeu!!!
Bjs
Espero que o povo de Moçambique, assim como o do Brasil, alcance essa cidadania. Temos sempre que aprender a exercer nossa cidadania de todas as formas e uma que deixamos muitas vezes de fazer, é exigir nossos direitos para que as coisas melhorem sem esquecer dos nossos deveres. Mas eu sempre fui mais do dever que de reclamar meus direitos e estou aprendendo.